domingo, 9 de agosto de 2009

O Tenente General Böhm e a Força Expedicionária de 1767

Inserido no contexto do quadro Pombalino, o Tenente General Böhm será peça chave para compreendermos este período de grandes mudanças no Império-Português e seus domínios Ultramarinos. Isto porque, com a ascensão de Pombal, Portugal passa por inúmeras reformas no seu meio administrativo, principalmente, no que diz respeito à nobreza e o clero. Um modo de reogarnizar a nobreza, era instaurar profundas mudanças na instituição militar, onde encontratavam-se grande parte dos mais fidalgos servos del Rei. Desse modo,Pombal irá nomear como comandante do Exército Português o Conde Lippe. Homem de profunda sabedoria militar, tinha conhecimentos ausentes nos oficais portugueses, "extremamente embebedados de morais e valores que distorciam a racionalidade da lógica militar".
Uma vez no comando do Exército português, o Conde Lippe irá redigir novas regras e disciplinas para serem aplicadas às tropas, extendidas à além-mar pelo Tenente General João Henrique Böhm. Austríaco de nascença, Böhm era um militar de grandes experiências no campo de batalha e exemplo de disciplina militar, excelente candidato para aplicar nas tropas da América as novas regulamentações. Junto a ele, Pombal também envia, respondendo aos incessantes pedidos do então Vice-Rei do Brasil Conde da Cunha, um corpo de tropas regulares vindos de Moura, Bragança e Estremoz.
Destarte, esse será o escopo do presente trabalho, acompanhar a tragetória desses homens e as mudanças causadas com a sua chegada no Vice-Reino do Brasil.
Cerca de 2.300 homens desembarcam no Rio de Janeiro em outubro de 1767, trazendo grandes confusões para a cidade e seus representantes. Primeiramente, porque não haviam alojamentos para comportar tantos oficiais e soldados. Ciente do problema, Pombal ordena ao Conde da Cunha que os aloje nas antigas possesões dos Jesuítas ou em casa de moradores locais. Acontece que tantos homens, com costumes diferentes, pouco habituados com o modos vivendi da população local, irão causar conflitos. Serão registradas inúmeras reclamações da contuda das tropas pelos moradores da Praça, indignados com os abusos dos militares.
Durante os primeiros 6 anos no Brasil, Böhm preocupou-se em aplicar as novas regras aos regimentos do Rio de Janeiro e a treiná-los, mantendo-os sempre alerta. Seu interesse, era equipará-los aos de Portugal , de tal forma a combaterem juntos em um eventual ataque.
Devido às pressões dos espanhóis no Sul do Brasil pela Colônia do Sacramento, Böhm marcha com seus homens em 1774 na tentativa de conter maiores avanços. Voltando ao Rio de Janeiro em 1778, tais regimentos irão ser, posteiormente, incorporados aos Regimentos do Rio de Janeiro: o de Bragança passa a ser Primeiro Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro em 1793 e o de Moura o Segundo Regimento de Infantaria no mesmo ano. Apenas o de Estremoz, que marcha para o Pará, acaba por ficar na região, dado à ausência de tropa de infantaria.
Por conseguinte, esse é apenas um resumo de como serão reorganizadas as forças militares pagas do Rio de Janeiro, após a chegada do Tenente General Böhm e sua força expedicionária. Teremos como objetivo, através de fontes documentais contendo as relações nomiais, tempo de serviço e soldos, acompanhar as tragetórias dos oficiais e oficiais inferiores desses regimentos. Tal estudo, tem a pretensão de enxergar de perto, através da micro-história, a dinâmica social desse grupo, tão importante para a formação do embrião da estrutura militar brasileira.